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Breve relato de muitas vidas

João Diniz

16 de jun. de 2009

Texto de João Diniz para a exposição coletiva de arquitetura em Font Romeu, França 2009

Texto de abertura da exposição coletiva de arquitetura em que JD participou apresentando sua obra, em Font Romeu, França em 2009.


No ano 1500 as costas virgens da America do SulForam descobertas por navegadores portuguesesQue fundaram o pais a ser conhecido como Brasil.O cenário virgem de nativos dóceis e natureza pujanteEncantou os colonizadores com suas riquezas e surpresas.Até os anos 1700 a colonização ocorreu nas faixas litorâneas,Nasceram as primeiras cidades e uma economia atlânticaBaseada no extrativismo e intercâmbios com a Europa.

Nesta data a descoberta de ouro no interior do continenteReposiciona os interesses comerciais e sociais,A província meridional de Minas Gerais jorra fortunas.Ocupa-se o interior e várias cidades aparecem com suasPraças, palácios, casarios, igrejas, esculturas, sinfonias...O artista mestiço Aleijadinho se destaca entre vários queRefletem a pujança material nesta primeira manifestaçãoDa real civilização Brasileira: múltipla, contraditória e estridente.


 

Surgem do ouro as novas metrópoles da nação emergente:Mariana, Sabará, Diamantina, São João Del Rey e Ouro PretoA primeira capital, onde em 1792 o alferes Tiradentes comandaO importante movimento libertário que evolui até 1822 ano daIndependência do Brasil, nasce uma nação e seus desafios.A partir daí o ouro se desdobra em outras economias:Gado, agricultura, siderurgia, industrias, são as novas fontesQue redesenham o estado que em 1897 funda sua nova capital.


 

Belo Horizonte cidade positivamente e ortogonalmente planejada,A equipe coordenada por Aarão Reis projeta a urbe do futuroRazão geométrica sobre geografia sensual, o século XX nasce.A cidade cresce e se torna importante centro econômico nacionalE também político, intelectual, cultural onde a geografia montanhesaSugere o caráter da população e de suas atitudes num misto deCautela, rebeldia, atenção, profundidade, discrição e sonho.


 

Nos anos 1940 o prefeito Juscelino Kubitschek convocaO jovem arquiteto Oscar Niemeyer a criar  o conjunto da PampulhaMarco histórico onde nasce a Arquitetura Moderna BrasileiraReflexo de um pais jovem em busca de sua própria cultura,Uma ampla geração de pensadores e criadores abre diálogoCom suas origens radicais e com o vasto mundo circundante.

Nos anos 1970 vem de BH as primeiras revisões modernistas.

Uma nova vanguarda ciente e respeitosa dos passos anterioresBusca novos valores numa nova arquitetura ao mesmo tempoModerna e popular, coerente e simbólica, universal e regional,Tecnologicamente viável, ambientalmente correta  e expressiva.Éolo Maia, Veveco Hardy e Cid Horta são nomes chavesNeste posicionamento conhecido como pós-BrasíliaÀ sua maneira fiel a uma tradição de contemporaneidade e risco.


 

Neste cenário nasci, cresci e me fiz arquiteto nos anos 1980 época deAutoritarismo político, descobertas místicas, incursões multimídias,Viagens iniciáticas, tempestades econômicas e reinvenções pessoais.Os trabalhos apresentados nesta mostra resultam destas reflexões e dosChoques entre a vontade de fazer e suas limitações, entre a busca deUma linguagem própria e o especifico de cada situação, entre oRigor tecnológico e o improviso de mutantes demandas, entre oAmbientalmente sustentável e a urgência das necessidades, entreA possibilidade dos momentos e uma busca da intemporalidade, entreUm sotaque regional e a língua universal de um mundo interconectado.


 

A prática diária em meu escritório, empresa cada vez menor e mais ágilReúne a abordagem projetual de diferentes temas arquitetônicos a umaAtividade acadêmica que facilita a reflexão téorica e novos encontros.Um interesse multidisciplinar une esta arquitetura a experiências emMúsica, literatura, fotografia, escultura, desenho, vídeo e espiritualidades.A critica política, o inconformismo social, a solidariedade e o humorTambém são ferramentas para que possamos seguir caminhoQuiçá contribuindo para a construção da saúde e da beleza do planeta.


 

João Diniz, arquiteto MSc, Belo Horizonte, Brasil, Abril 2009 

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