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João Diniz

5 de abr. de 2009

Liberada a memória da obrigação de grafar o que acredita convida a mão que não mais aflita se habilita e escreve o dito é o que fica.

Nesta nova série de poemas intitulada Futuro - grafia, João fragmenta e reúne o tempo, não apenas aquele cronológico, linear, mas também outro, o do pulso vital, que desconhe - ce a lógica e os sistemas humanos de tentativa de controle da realidade. No decurso de seus oito blocos líricos, Futuro - grafia atenta para a urgência dos dias, para o caos instaurado pelo apocalipse anunciado na eclosão da pandemia, para o pulso que insiste dentro de cada vivente.

Se em O arco e a lira Octavio Paz nos diz que o poema é “um conjunto de imagens e um senti - mento que o anima”, quem conhece Diniz sabe a que ele vem uma vez mais: convidar o leitor para uma profunda e rica experimentação ver - bal, imagética. Pictórica. E não é preciso frisar sua trajetória profissional como arquiteto para dizer disso: este jogo entre imagens, e entre imagens que erguem edifícios verbais tão sono - ros e potentes, decorre do talento e do domínio da técnica por parte do poeta João Diniz, para além de suas outras experiências. Não que haja uma compartimentação do sujeito, nada disso. O que cabe dizer, em suma, sobre João Diniz e seu Futurografia é que trata-se de uma obra ur - gente e que levará o leitor ao reconhecimento de uma precariedade inerente à condição huma - na, mas que a despeito disso insiste, resistente, se recria e segue mais além, para se consolidar, afinal, como aquilo que fica grafado na história coletiva, verdadeira obra de arte.

João Diniz é arquiteto e tem seu escritório de projetos em Belo Horizonte onde é também professor. Publicou os livros João Diniz arquiteturas (2002), Depoimento: circuito atelier (2007), Steel life: arquiteturas em aço (2010), Ábaco (2011), Aforismos experimentais (2014) e O livro das linhas (2020). Participou, de forma coletiva e individual, de edi - ções experimentais, CDs, DVDs, exposições, pa - lestras e apresentações voltadas à arquitetura, design, artes visuais, poesia e música. É criador do projeto multimídia Pterodata, dedi - cado a produções interdisciplinares colaborativas.

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