RES. GAMELEIRA
Roberto Segre, o reconhecido arquiteto e crítico da arquitetura latinoamericana escreveu sobre o Residencial Gameleira no final de seu texto 'Belo Horizonte: Fervor Cartesiano e Paixão Barroca' de 1998:
'... Por sorte, uma luz aparece no horizonte (que deveria ser belo): a experiência realizada por João Diniz no Conjunto Residencial Gameleira (1994) para usuários de baixa renda, cuja qualidade de desenho arquitetônico constitui um intento cicatrizador do câncer urbano no espaço anônimo, limite último da cidade, rodeado de favelas e vivendas improvisadas. Desta maneira, centro e margens, pobres e ricos, comunidade e artistas, nas múltiplas direções da fragmentada modernidade, podem ficar unidos por algum objetivo comum: conseguir breves e plenos momentos de felicidade, alegrias existenciais, vivenciados na heterogênea qualidade ambiental do entorno construído.'
Memorial do Projeto por JDArq:
A questão da moradia de baixo custo é tema de grande importância no Brasil, e recentemente setores da iniciativa privada resolveram abordar esta demanda.
O Residencial Gameleira é uma tentativa particular de encarar a questão considerando aspectos tecnológicos, econômicos e simbólicos.
O conjunto se compoem de três blocos que se implantam em lote bastante acidentado em área fronteiriça entre a favela dos Embaúbas e o tecido urbano do bairro da Gameleira em Belo Horizonte, uma região limítrofe entre a cidade propriamente dita e a grande região industrial da cidade.
O programa é de apartamentos de dois quartos, sala e cozinha com área média de 42 m2, num total de 37 unidades na primeira fase, bloco 1, e 144 unidades, blocos 1 e 2 na segunda fase. Optou-se pela tecnologia da alvenaria armada por seu baixo custo, e por formar mão de obra no decorrer de sua execução.
Os edifícios propostos fundem a implantação aleatória dos assentamentos espontâneos do entorno com uma postura projetual clara e integrada.
Assim a volumetria recortada em alvenaria de blocos de concreto reflete a formação randômica da favela enquanto as torres coloridas e ritmadas propõem atitude mais racional com a marcação do sítio e a identificação das unidades no conjunto e em seu entorno.
Uma opção cromática baseada no circulo cromático, no arco íris, a evolução natural das cores na natureza.
Na primeira etapa, já concluída, o acesso aos apartamentos se faz pela parte posterior onde se cria um pátio interno para o primeiro bloco com cinco torres.
Entre os dois blocos da segunda etapa, em construção, se propoe uma rua central, ponto de encontro dos moradores. A implantação dos edifícios lineares em níveis diferentes libera a visão do vale abaixo e das montanhas da Serra do Curral.
O Residencial Gameleira está em rua que dá acesso ao cemitério Parque da Colina, e, às vezes, são em momentos de consternação funerária que é visto pelos moradores da área central da cidade. Talvez notados podem trazer um pouco de vibração nestes momentos em que muito se considera as condições da vida de cada ser humano.
ESQUEMA ECONOMICO
O terreno foi adquirido pela incorporadora, que para a viabilização da obra criou uma Carteira de Vendas em um Sistema de Auto-Financiamento. Este sistema consiste em um Sinal de Compra e 60 prestações mensais de R$ 290,00 que é calculada em função do aluguel de unidades semelhantes na região. Um maior ou menor sinal definirão se o novo proprietário receberá sua unidade em maior ou menor prazo.
A segunda fase do empreendimento com suas 144 unidades está dividida em seis etapas semestrais quando se entregam 24 unidades que correspondem a tres torres de acesso. O custo por metro quadrado de área equivalente construída gira em torno de R$ 275,00 considerando serviços de urbanização e infraestrutura.
As unidades são entregues com acabamento bem simples com cimentado nos pisos e azulejos apenas em rodapias e rodapés das áreas úmidas. Esse padrão pode ser melhorado por cada morador apósa entrega da obra.