CASEXP BETIM
CASEXP é o nome do sistema modular para espaços habitacionais, um estudo proposto e detalhado de um modulo espacial sustentável e transportável utilizando materiais disponíveis no mercado brasileiro tais como estrutura metálica, painéis termo-acusticos para parede e teto e piso tipo wall. Este estudo também investigou a produção de um módulo hidráulico-sanitário em fibra de vidro que se acoplaria à estrutura metálica em questão e a sistemas de aquecimento via coletor solar e de reaproveitamento de águas.
A idéia neste sistema é que os espaços gerados estivessem alinhados muito mais ao conceito de ‘fabricação e montagem’ do que ao de ‘construção’, apresentando todas as características de leveza e desmontabilidade. Foi previsto também, neste primeiro estudo a possibilidade de acoplamento destes módulos em unidades duplas ou múltiplas, em arranjos horizontais e/ou verticais.
O estudo inicial para o sistema CASEXP previa unidades de 42m2 em malha modular de 3,00m x 3,00m. A planta abaixo foi apresentada como simulação de uma unidade residencial com espaços de estar integrado a cozinha, banho, quarto pequeno e quarto de casal. Os espaços das extremidades se ampliavam através da abertura da parede/deck promovendo integração com o espaço exterior.
A dimensão de transporte de 3,00m x 12,00m se refere ao tamanho das carrocerias dos caminhões que transportam containers e volumes afins. Desta forma os módulos espaciais podem ser fabricados em série fora do canteiro de obras chegando prontos ao local de utilização. O que reduz impactos locais na obra e qualifica a mão de obra envolvida.
LOCAL
A área escolhida para a implantação do presente estudo é conhecida como Vila Recreio situada no bairro Jardim Teresópolis do município de Betim na região metropolitana de Belo Horizonte. Betim é um dos principais pólos industriais desta região metropolitana necessitando de soluções inovadoras para o assentamento de um grande numero de operários que ali trabalham.
A Vila Recreio é um enclave no meio do bairro de aproximadamente 92000m2 com baixíssima qualidade construtiva necessitando urgente intervenção que vise melhoria das condições residenciais de seus moradores. Trata-se de áreas com topografia acidentada onde estão alojadas acerca de 180 famílias. Na borda norte e leste da área estão localizados alguns estabelecimentos comerciais de melhor qualidade construtiva que oferecem apoio aos moradores fazendo daquela via uma espécie de corredor comercial.
ESTRUTURA
Sistema CASEXP baseia-se na montagem da unidade espacial a partir de chassis metálico suspenso. No caso das topografias variáveis da Vila Recreio tornou-se necessário a adoção de um sistema de suspensão para este chassis a partir de pilares tubulares que separam o chassis do solo tornando-o livre para o escoamento das águas pluviais e para o plantio de espécies vegetais e hortas comunitárias.
Estes pilares tubulares poderão ser metálicos, em concreto pré-moldado ou moldado em loco de acordo com facilidades de fornecimento na época da construção e definições posteriores a serem definidas em cálculo estrutural.
Foram estudados dois modelos de implantação: o perpendicular às curvas de nível ou vertical e o paralelo às curvas de nível ou horizontal. No primeiro caso os módulos espaciais podem ser dispostos um sobre os outros em diferentes arranjos de acordo com as variações topográficas gerando unidades de um ou dois pavimentos. O acesso se faz por rampa pela parte posterior do conjunto onde o módulo está mais próximo do solo.
IMPLANTAÇÃO
A busca da melhor insolação e conforto ambiental para os blocos gerou a implantação ao longo do eixo leste-oeste o que proporcionou condições diferenciadas de abordagem da topografia em três setores. Uma nova rua plana aparece cruzando o conjunto, ligando as principais vias de acesso e dando lugar a estacionamentos para os moradores. No ponto mais baixo aparece a praça de convívio com áreas esportivas e de lazer junto à lagoa de detenção. A faixa comercial existente na borda nordeste do terreno foi mantida. A implantação proposta libera totalmente o terreno natural proporcionando ampla área para vegetação e drenagem. Num contexto confuso e de ocupação desordenada o novo conjunto aparece como forma de ordenação de uma nova natureza construída.
SISTEMAS HIDRAULICOS
No sentido de propor um sistema alternativo para o capeamento da maioria dos assentamentos e urbanizações na área que geram grande impermeabilização do solo optamos por uma quase total não pavimentação do terreno
De uma forma geral o sistema de drenagem faz parte do conjunto de melhoramentos públicos existentes em uma área urbana assim como as redes de água, de esgotos sanitários, de cabos elétricos e telefônicos, além da iluminação pública, pavimentação de ruas, meios-fios e passeios, parques, áreas de lazer, e outros.
Um sistema tradicional de drenagem urbana deve ser considerado como composto por dois sistemas distintos que devem ser planejados e projetados sob critérios diferenciados: o Sistema Inicial de Drenagem e o Sistema de Macro-drenagem.
O Sistema Inicial de Drenagem ou de Micro-drenagem ou, ainda, Coletor de Águas Pluviais, é aquele composto pelos pavimentos das ruas, meios-fios e sarjetas, bocas de lobo, rede de galerias de águas pluviais e, também, canais de pequenas dimensões. Esse sistema é dimensionado para o escoamento de vazões de 2 a 10 anos de período de retorno. Quando bem projetado, e com manutenção adequada, praticamente elimina as inconveniências ou as interrupções das atividades urbanas que advém das inundações e das interferências de enxurradas.
Já o Sistema de Macro-drenagem é constituído, em geral, por canais (abertos ou de contorno fechado) de maiores dimensões, projetados para vazões de 25 a 100 anos de período de retorno. Do seu funcionamento adequado depende a prevenção ou minimização dos danos às propriedades, dos danos à saúde e perdas de vida das populações atingidas, seja em conseqüência direta das águas, seja por doenças de veiculação hídrica.
As tendências modernas para o controle das águas pluviais, que já vêm sendo amplamente aplicadas ou preconizadas internacionalmente, passam a dar ênfase ao enfoque orientado para o armazenamento das águas por estruturas de detenção ou retenção. Esse enfoque é mais indicado a áreas urbanas ainda em desenvolvimento, podendo ser utilizado também em áreas de urbanização mais consolidadas desde que existam locais (superficiais ou subterrâneas) adequados para a implantação dos citados armazenamentos. Este conceito não dispensa, contudo, a suplementação por sistemas de micro e macro-drenagem.
No presente trabalho, o sistema de drenagem contará com canaletas que levarão as águas pluviais para uma bacia de retenção. Em função da alta declividade da área é importante que essas canaletas sejam dimensionadas com dissipadores de energia (degraus).
VEGETAÇÃO
Conforme já mencionado a implantação proposta libera amplas áreas vegetadas onde aparecerão a manutenção das espécies arbóreas existentes, a introdução de novas espécies como capim vertiver, e bambu colmo que são bons controladores de erosão. Aumentam a infiltração da água, reduzem enxurradas e também de gramados extensivos e hortas coletivas.
Outro ponto em que a vegetação estará presente será na cobertura dos módulos residenciais.
O ‘Ecotelhado’ é um sistema de telhado verde composto por módulos já vegetados colocados lado a lado sobre uma membrana anti-raízes e uma membrana para a retenção de nutrientes. Método de rápida instalação e excelente conforto térmico.
Pesa cerca de 50kg/m² já saturado e pode ser colocado sobre praticamente qualquer tipo de telhado ou laje.
O telhado vivo se constitui aqui preferencialmente de plantas adaptadas a solos rasos, resistentes a estiagem, de baixa manutenção como os seduns e outras suculentas. Não é recomendável o telhado de grama por sua alta exigência de água.
Outro sistema existente para cobertura vegettal de edificações é o Skygarden Envec que apresenta como características: uso livre de diferentes espécies de plantas como em terra firme, cultivo de alimentos orgânicos, pisoteio na grama e lazer como um jardim convencional.
Uso de arbustos e árvores em espessuras de até 30 cm, economia de 0,9kw/m2 x dia de energia, ou R$0,21/m2 x dia + cerca de 35% de impostos na conta elétrica, redução de 0,77g/m2 x dia de emissão de CO2, menor custo na confecção por usar menos material e menos mão-de-obra, diminuição da emissão de CO2 devido a não-uso de materiais plásticos,
durabilidade: acima de 10 anos.
Ainda apresentando como benefícios ambientais:
•Melhor aproveitamento de espaço
•Conforto térmico
•Captação de CO2
•Redução de ruídos
•Purificação do ar
•Diminuição de danos em temporais
•Redução das ilhas de calor urbanas
•Equilíbrio ambiental das cidades
Peso - 40 kg/m²
Retenção de água - 40 l/m²
Drenagem - 250 a 300mm/h de água
PAISAGISMO
O projeto propõe uma investigação paisagística onde o jardim público, o jardim privado, o pomar e a horta comunitária se fundem num conjunto natural e de propriedade da coletividade. Além do bem estar visual e ambiental este conjunto verde pode suprir em parte as necessidades alimentares da comunidade. Assim a nova implantação se apresenta como um território social entre o urbano e o rural ou ‘rurbano’ fazendo menção e resgatando a possível origem interiorana de seus moradores.
Como fator de integração socilal e de geração local de alimentos o projeto em questão considerará a atividade da ‘agricultura urbana’ como fator diferencial desta implantação.
A ampla extensão de áreas vegatáveis propicia o aparecimento de pequenas hortas comunitárias que serão controladas por grupo de moradores encarregados e remunerados por tais atividades. O produto destes serviços serão retornados aos moradores participantes como alimentos.
Este sistema de hortas e plantios será complementado por serviços de compostagem, ou seja a produção de adubos por meio de reciclagem do lixo orgânico (restos de comida em geral, aparas de plantas, sacos de chá e café, cinzas) que é quase totalmente reaproveitável. Deve-se evitar o excesso de gorduras, laticínios, carnes e cinzas. Uma composteira (estrutura de tijolos ou madeira) é própria para o depósito e processamento da matéria orgânica. Deve ser localizada em local plano e sombreado. A área necessária para a produção do composto é de aproximadamente 30m² com 1,70m de altura. Essa área pode ser fracionada em compostos menores de 2m² ou 3m² e 1m de altura. Em geral o procedimento demora cerca de 90 dias.
POLITICAS
A área estudada faz parte de um setor da cidade de Betim que foi objeto de proposta de reestruturação ambiental em função da baixa qualidade da ocupação construída que constituindo riscos aos moradores em função de ocupação não adequada de encostas de alta declividade.
A imagem ao lado é a proposta feita pela prefeitura municipal para áreas do bairro Jardim Teresópolis onde se vê um modelo de implantação baseado em edifícios de até 3 andares em platôs viabilizados com movimentações de terra e criação de arrimos e/ou taludes. Estas implantações evitam as encostas com maiores declividades gerando uma baixa densidade de ocupação
O estudo, objetivo desta pesquisa, apresentada anteriormente propõe uma alternativa de abordagem destas encostas de forma a ocupá-las mas não exigir movimentações de terra ou criações de taludes ou arrimos, mesmo na parte mais plana do terreno. Acreditamos que nossa proposta sugira uma maior densidade de ocupação aliada a uma abordagem ecológica da habitação social.
A intenção numa etapa posterior deste estudo é simular este projeto visando sua viabilização no programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal. Esta nova modalidade de crédito proporciona de forma facilitada o acesso dos trabalhadores à casa própria. O sistema financia as construtoras durante o período da obra e posteriormente transfere este financiamento aos proprietários. Além dos trabalhos de ajustar o projeto aos custos compatíveis a este programa habitacional uma etapa paralela a esta viabilização seria a homologação deste sistema construtivo junto à CAIXA, a fornecedora do crédito.