A arquitetura de interiores transforma espaços existentes, dando a eles novos usos e revalorizando estruturas ociosas. É vital pensar o potencial de ambientes já construídos para trazer à tona uma nova apropriação física e funcional, numa atituda que preserva e modifica a edificação.

A loja Trianon, voltada para o vestuário masculino e feminino, fica no pavimento térreo de um antigo edifício, com acesso desde uma movimentada avenida. No segundo pavimento, o amplo salão com vazio central apresenta duas passarelas laterais e espaços maiores nas partes frontal e posterior.

Para acomodar o programa e introduzir uma nova dinâmica no espaço foram lançados três planos em alvenaria que integram os pavimentos, verticalizando o espaço. Dois destes planos apoiam a escada, enquanto o outro aparece como uma parede curva contínua que cria um fundo infinito para a arara principal e define, na área posterior, o local para depósitos e provadores.

Estas novas paredes rompem a simetria inicial do ambiente e podem receber novas cores ou tratamentos de acordo com diferentes estações ou coleções. Outros elementos reforçam esta possibilidade de transformação periódica do espaço, como arara principal que se modifica facilmente através de um sistema de cabos de aço e pinos, a escada com rodas, a mesa central e os espelhos. Ao fundo, um amplo balcão em inox e granito se articula com a coluna existente e com a nova parede curva.

No exterior, a valorização da fachada existente é proposta através do recuo da vitrine e do plano curvo em tela de alumínio, que redefine a marquise trazendo uma nova imagem à base do edifício. A programação visual explora o caráter urbano do local, buscando referencias nos sinais de transito, integrando a loja à dinâmica da avenida.

Renascido o espaço, a nova utilização traz uma animação inédita ao local, luzes, usuários, sons. O mundo efêmero das compras se faz na matéria e no vazio, na imagem que passa e na experiência que fica. Fênix de neon a questionar o eterno e o passageiro.