PRRJ, Porto Alegre
Concurso Público Nacional de Arquitetura
Procuradoria Regional da República da 4a Região / Porto Alegre
Proposta Equipe Coordenador Arquiteto João Diniz
Uma passagem, um caminho, uma travessia, um cruzamento.
Assim pode ser entendido o novo edifício da Procuradoria Regional da República: uma ponte de ligação, não apenas entre os seus dois acessos, mas entre pólos aparentemente opostos da cidade de Porto Alegre. Localizado em nova área urbana privilegiada às margens do Rio Guaíba, conquistada das águas através dos sucessivos aterros, o edifício pode ser entendido como uma peça contemporânea no contínuo processo de invenção e configuração da margem/fachada sul da cidade.
O edifício estrutura-se em torno do eixo norte-sul do terreno, propondo que a nova construção não seja um obstáculo, mas uma ligação entre espaços aparentemente opostos, como o seu interior e seu exterior, a cidade e o Rio, o Parque da Harmonia e a futura Praça Cívica do Centro Administrativo, o passado e o futuro da cidade.
Configurando um grande vazio central que define o seu caráter social, o eixo-passagem estipula uma composição do edifício em quatro volumes verticais maciços armados como cantoneiras costuradas através da sua trama estrutural metálica. Agrupados dois a dois, estes volumes geram duas alas paralelas, leste-oeste, que reforçam o caráter de passagem do vazio, alojam os espaços de trabalho, conectam-se por passarelas e áreas de uso nos seus 10 pavimentos e se ancoram ao solo por uma dupla base, que homenageia o rio Guaíba evocando contra-fortes fluviais. Lateralmente ao grande eixo norte-sul do vazio central, o volume arredondado do auditório aparece suspenso definindo a marquise sobre o acesso desde a rua Otávio Francisco Caruso da Rocha.
Os vazios centrais também definem o desempenho bioclimático da edificação através de zonas de sombreamento e de correntes naturais cruzadas e ascendentes de ar geradas pela entrada do vento sudeste predominante no local.
Até o 6o pavimento, a variação formal sobre a planta tipo, ocasionada pela hierarquia funcional disposta verticalmente está, num mesmo gesto, contida e conectada às vistas aquáticas da Praia de Belas pelas grandes janelas abertas no envoltório regular composto pelos quatro maciços da torre.
O projeto faz referência informal a duas construções importantes do imaginário porto-alegrense: à Ponte Getúlio Vargas (com seus quatro sólidos pilares que fazem uma simbiose entre a cidade e o rio) e o Hotel Majestic (como construção pública e permeável, convergente e acolhedor).