CASA SERANA
A casa em terreno acidentado é quase um lugar comum para arquitetos e construtores na montanhosa Belo Horizonte, mas a situação encontrada na Casa Serrana é quase um radical limite destas aparentes dificuldades.
O lote está numa área de preservação ambiental e apresenta uma inclinação superior a 45 graus. O perfil natural do terreno e suas árvores devem ser preservados, conforme a regulamentação ambiental do bairro.
O mito da casa árvore encontra aqui um sentido. A estratégia de suspender a residência metros acima do solo e das árvores é adequada e o perfil oblíquo do terreno pode ser saudado e completado pela presença da nova construção.
A estrutura metálica surge como opção conveniente, tirando do canteiro de obras vários serviços construtivos. A proposta se define em um pavilhão linear de três pavimentos básicos conformando cinco níveis intermediários, paralelo às curvas de nível, cujos pilares se prolongam até tocar o solo. A área de convívio se projeta em balanço rumo à mata e à paisagem. A ponte de acesso funciona como tirante, equilibrando o conjunto.
Adota-se o nível da rua como ponto de acesso dos veículos e dos pedestres, com garagem, hall de chegada, copa e sala de refeições. Meio pavimento abaixo, tem-se a sala de estar e varanda, amplo espaço de convívio que toca a copa das árvores mais altas. Sob este pavimento de acesso estão as áreas de serviço.
Meio nível acima do plano de acesso, tem-se um cômodo de uso polivalente, definindo duas alturas para a sala de estar. Logo em seguida vem o pavimento íntimo, com três quartos, aberto ao terraço sobre a sala. Este terraço tem um sentido especial, podendo ser entendido como um terreno ‘inventado’, uma praça suspensa e descoberta, um quintal íntimo e virtual. A caixa da escada articula todos os níveis, gerando o volume superior do castelo d’água que apóia os coletores solares.
A Casa Serrana é uma palafita metálica, a residência voadora com árvores por baixo, visitada por galhos, esquilos, ventos, irmãos e amigos. Uma maneira própria de propor a relação entre as pessoas, a construção e a natureza.
Ficha técnica
Local: Estância Serrana, Nova Lima, Minas Gerais.
Projeto: 2000. Obra: 2001.
Área do lote:1003,00m2. Área construída: 360,28m2.
Aço utilizado: ASTM A.36 em perfis laminados tipo I de 8,10 e12 polegadas da Açominas.
Arquitetos colaboradores: Adriana Aleixo, Clarissa Bastos, Cristiano Cezarino, Marcelo Maia,
Laura Galli.
Construção: Gabriel e Bi Lustosa; engenheiros.
Cálculo estrutural: Sebastião Mendes.
Fotografia: Marcílio Gazzinelli.
Iluminação: La Lampe
Principais Materiais: Perfis meátlicos laminados Açominas (estrutura), Alumínio Alcoa (esquadrias), Ceramicas Terratile (revestimentos), Louças e Matais Deca, Luminárias La Lampe, Tintas Suvinil (alvenarias) e Weg Estrutura.